sábado, 11 de julho de 2009

O corpo do mundo

Estava afastado de si havia dez anos quando a porta se entreabriu.
Qual a máquina do mundo para Carlos,
entreabriu-se numa fina fresta sem clarões nem estrondos.
Esquivo, passou pelo vão pensando reencontrar-se.

Lentamente arrastou seu pesado corpo
pelos espaços que de si se desdobravam.
Dobras rangentes em vão se moveram
em direção ao si fora de si.

Por tanto tempo inerte
o corpo, doente, ressentiu-se na dor
e a mente, cansada de mentar,
mentou-se ainda mais uma vez.

O corpo, ressentido-se em movimentos,
apercebeu-se sentindo
desdobrar de si as dobras dos espaços que
de seus movimentos se desdobravam.

Em si mentando ressentiu-se,
ressentindo-se mentou-se:
corpo entre outros corpos.

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